terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Onda

O Dr. Bad Trip vai ter um departamento que vai falar só de filmes. Mas não de qualquer filme. Só de filmes que realmente valem a pena ser assistido. É bem capaz que só mostraremos filmes Cult, mas isso é do de menos. A final você tá aqui porque quer!

Pra estrear vou falar do ultimo filme realmente bom que eu vi: A Onda (Die Welle) do diretor alemão Dennis Gansel. Não tô a fim de fazer a sinopse do filme... peguei de outro lugar:
(...) Uma escola quer mostrar aos alunos as vantagens e desvantagens de determinadas formas de governo e concepções políticas. Um professor de cabeça arejada deseja pegar a turma que iria explorar os pressupostos do anarquismo. Mas a direção da escola o manda dar aulas de autoritarismo. E lá vai ele, com a melhor das intenções e o pressuposto didático de que a maneira correta de combater uma posição indesejável é mostrar quais são as consequências. O propósito é levar um ideário até seu limite.
Partindo desse princípio, o diretor Dennis Gansel trabalha, de maneira sutil, com as sementes de autoritarismo que existem na cabeça de cada um. Essa disposição pode ser vista como universal. Mas assume forma dramática no país onde se passa a história, a Alemanha, por conta do seu passado recente. Há um preâmbulo necessário. Os jovens já não podem mais nem ouvir falar em nazismo ou Hitler. "Não temos nada com o passado." A despeito disso, a proposta do professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é mostrar como ninguém está totalmente vacinado contra ideias totalitárias e como elas se criam, como atitude psicológica em indivíduos e grupos e como forma política.
Assim, a natural tendência à associação pode levar a uma radical separação entre quem pertence e quem não pertence ao grupo. A idolatria ao líder e o estabelecimento de limites entre o "fora" e ao "dentro", com a consequente intolerância em relação a quem é diferente e não adere ao grupo. Intolerância que pode, no limite, assumir todas as formas possíveis da violência. (...) (Luiz Zanin - http://blog.estadao.com.br/)
A primeira vista o que acontece no filme parece forçar a barra. Porém, ele foi inspirado num fato real, nas aulas de História lecionadas pelo professor Ron Jones, na Cubberley High School de Palo Alto, California, em Abril de 1967. O filme lembra de longe o Fantasia (Fantasia), aquele em que o Mickey pega o chapéu do mágico e dá bosta.

Esse é um filme que, logo após assistir você pensa: “Poutz, se você for ver, é o mesmo contexto que nós vivemos”. Antes de continuar: Não estou falando de política. Estou falando que, nós, jovens que fomos criados na década de 90 e 00, não temos nenhuma causa comum. Democracia: já foi conquistada. Direitos Civis: já foram conquistados. Liberdade de qualquer nível: já foi conquistada Exemplos: Se você quiser ser bicha, ninguém tem nada com isso! Se você for da cor que você quiser, se alguém falar alguma coisa é racismo. Se você quiser adotar como religião a Cientologia, ninguém tem nada com isso! A policia não pode entrar na tua casa sem mandato. Se você é um comunista barbudo, ninguém tem nada com isso! O que sobrou? Virar um ativista do GreenPeace? Lutar pela legalização da maconha?

Sem falar no que aconteceu com a geração de 90. Quem foram seus heróis? Ayrton Senna? Sim, até o dia que a barra de direção do carro atravessou o capacete dele. Kurt Cobain? Sim, até o dia que ele deu um tiro na própria boca. Os Mamonas? Sim, até que o dia que o avião caiu. Quem? Kevin Carter? Lady Daina? Chico Science? Madre Teresa? Pokémon? Power Rangers? Deve ser por isso que essa é uma geração de bunda-moles.

Bom, lembrando de outro filme bom: Clube da Luta (Fight Club). A trama é parecida, mas o que eu vou chamar atenção é uma passagem:
Man, I see in fight club the strongest and smartest men who've ever lived. I see all this potential, and I see squandering. God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.
É bem isso.  O filme A Onda me fez refletir justamente sobre isso. O que aconteceria se um Prof. Rainer Wenger, um Hitler, um Tyler Durden aparecer?

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